Aquela mulher é minha mãe! Aquela mulher, com brilho no olhar, firmeza inabalável, passos apressados, voz forte, desafiou a todos, a si mesma desafiou muito mais, nunca se deteve... avançou em paz. É a mesma mulher que na solidão, na pobreza ou na fartura, dividiu tudo o que sempre conquistou. Aquela mulher que passou por cima da brasa dos seus próprios medos, caminhou enfrentando a resistência do movimento dos sem ideal, dos sem meta, dos sem coragem... Aquela mulher atravessou montanhas, percorreu caminhos de pedra, chorou em silêncio, sozinha, confiou, mesmo quando lhe afirmavam que o mundo ia desabar. Aquela mulher é minha mãe! Ela não seguiu os sinais no caminho, apontados para o fracasso, sofreu, viveu, viverá sempre, em tudo ou toda obra, porque vai deixar muito mais para frente do que para trás. Ivone Boechat |