O jovem que cresceu "embrulhado em plástico-bolha" pode se libertar e efetuar as mudanças necessárias.
Os jovens cujos pais os criaram para serem trabalhadores, responsáveis e independentes terão uma vantagem tremenda sobre aqueles que tiveram pais-helicóptero (que ficam "sobrevoando" os filhos sempre – ou seja, são superprotetores) ou que estudaram em escolas que agem como pais-helicóptero.
Um fato assustador: parece que nossas escolas, desde o ensino fundamental e médio até a universidade, estão sendo pressionadas por pais e por órgãos governamentais a aprovar os alunos – mesmo que eles não tenham assistido às aulas, não tenham feito os trabalhos pedidos nem tenham aprendido a matéria.
Uma pessoa que conheço que leciona na escola primária está assustada ao ver quantos pais questionam cada nota que seus filhos recebem, sem se perguntarem sobre a questão mais importante, ou seja, se seus filhos estão aprendendo o que precisam para se prepararem para o futuro.
Um conhecido meu que leciona em um curso profissional numa faculdade me conta que sua instituição pós-secundário está sendo pressionada a dar a seus alunos uma experiência de "satisfação do estudante", em lugar de uma educação correta.
Quando converso com gerentes e empresários que estão no processo de contratar funcionários, as histórias que ouço sobre jovens que estão ingressando na força de trabalho são estarrecedoras.
Ouço histórias sobre jovens completamente despreparados, tanto em termos de atitude quanto de conhecimentos, para desempenhar os trabalhos para os quais estão se candidatando.
Ouvi recentemente o caso de um rapaz que teve a oferta de um emprego de verão. Seriam cinco ou seis semanas de trabalho, seis dias por semana, e ele ganharia mais de US$3.000. Sua mãe não o deixou aceitar o emprego, dizendo a seu empregador potencial que seria "trabalho demais".
Um jovem que conheço conseguiu seu primeiro emprego depois de concluir a faculdade. Era bem pago e haveria oportunidades de promoção, mas o jovem não gostou da ideia de ter que levar 45 minutos para chegar ao trabalho todos os dias. Quando ele mencionou a seu pai que estava pensando em pedir demissão, o pai concordou.
Fica claro que esses pais amam seus filhos, mas o modo como demonstram seu amor não beneficia esses adultos jovens.
Uma jovem que conheço fez um curso profissionalizante de dois anos que a preparou para uma ótima carreira no setor do entretenimento.
O curso custou quase US$30 mil, mas, mesmo assim, a moça me contou que muitos de seus colegas faltavam às aulas e não entregavam os trabalhos pedidos pelos professores.
Ao término dos dois anos, apenas uma pequena parte dos alunos que começaram o curso se formaram, apesar de todos terem pago o custo integral adiantado.
Me pergunto qual terá sido a reação dos pais que financiaram esse curso caro, ao saber que seus filhos não o estavam levando a sério.
Esses pais pagariam outro curso para seus filhos, e mais outro, na esperança de que os filhos algum dia encontrassem alguma coisa na qual sentissem mais vontade de participar? Será que essa é a mensagem certa a transmitir para um jovem?
Se pais e escolas forem lenientes demais com os jovens, abrindo a possibilidade de eles não cumprirem suas tarefas, é pouco provável que esses jovens algum dia tenham disposição ou capacidade de fazer o que é preciso para se saírem bem em sua formação profissional e seus empregos futuros.
Se um jovem foi criado por pais-helicóptero e/ou se formou em uma universidade que o tratou com tolerância excessiva, como poderá superar essas desvantagens e alcançar o sucesso no trabalho?
E simples, embora não seja fácil. Ele precisa aprender as atitudes e habilidades que lhe possibilitarão alcançar bons resultados.
Acredito que há 12 coisas que um jovem precisa aprender se quiser alcançar o sucesso no trabalho. Ele pode aprender as coisas, mesmo que seus pais e/ou escolas o tenham "embrulhado em plástico-bolha", por assim dizer, em lugar de lhe ensinar essas lições essenciais.
Aqui estão elas:
1: Caminhar com os próprios pés. Os pais-helicópteros fazem demais por seus filhos. Estes crescem excessivamente dependentes dos pais e incapazes de fazerem as coisas sozinhos. Os filhos precisam aprender a confiar em si mesmos e acreditar em seu próprio potencial, para que possam tomar suas próprias decisões, resolver seus próprios problemas e funcionar de modo independente.
2: Pensamento independente. Os pais-helicóptero pensam demais por seus filhos, que por essa razão crescem sentindo-se incomodados se pensam de modo independente. Os filhos precisam aprender a fazer as perguntas corretas, analisar os dados e tomar suas próprias decisões.
3: Trabalho duro. Os pais-helicóptero deixam tudo fácil demais para seus filhos. Estes precisam aprender a dedicar-se a uma tarefa e concluí-la, mesmo que não seja fácil. Os filhos precisam aprender a apreciar a confiança e o senso de domínio que conquistarão quando trabalham duro para completar tarefas e alcançar suas metas.
4: Perseverança. Pais-helicóptero dizem a seus filhos que, se alguma coisa for difícil, eles podem desistir de fazê-la. Os filhos precisam aprender que, se uma coisa é difícil, é preciso se esforçar mais e perseverar para fazê-la. Esse é o único caminho para o sucesso de verdade.
5: Tolerância das frustrações: Os pais-helicóptero amortecem todas as quedas de seus filhos, privando-os das oportunidades de aprendizagem proporcionadas pela vivência da perda ou do fracasso. Os filhos precisam aprender e cair e se reerguer. Precisam aprender a fracassar com espírito esportivo e a serem bons perdedores.
6: Bons hábitos de aprendizagem. Os pais-helicóptero fazem todo o trabalho pelos filhos ou então dizem aos filhos que não precisam se esforçar para fazer alguma coisa que seja "difícil demais". Mas esses filhos precisam aprender a fazer pesquisas para um trabalho escolar, precisam aprender a escrever uma oração completa e gramaticalmente correta, precisam aprender a redigir uma redação e estudar para uma prova.
7: Pensamento rigoroso. Pais-helicóptero superprotegem seus filhos e lhes explicam tudo em detalhes excessivos, induzindo-os a ter preguiça de pensar. Esses filhos precisam aprender a diferença entre fatos e opiniões, entre o que desejam ver e o que existe de fato, entre verdades cientificamente comprovadas e as coisas em que prefeririam acreditar, mas que simplesmente não são verdades.
8: Julgamento acertado. Os pais-helicóptero fazem demais por seus filhos, de modo que os filhos não desenvolvem a capacidade de fazer julgamentos acertados. Os jovens precisam aprender a avaliar as pessoas e situações corretamente, a fazer boas escolhas para eles mesmos e a não se meter em encrencas.
9: Habilidades interpessoais. Pais-helicóptero mimam seus filhos, que então crescem achando que têm muitos direitos e poucos deveres. Os filhos precisam aprender a respeitar as outras pessoas, a tolerar as diferenças, a respeitar as hierarquias. Precisam aprender a ter paciência, tato e estratégias para lidar com conflitos.
10: Dedicação. Os pais-helicóptero facilitam as coisas em demasia para seus filhos. Estes precisam aprender a importância de comparecer diariamente, de ser pontuais, de permanecer até o final do expediente, de tirar intervalos apropriados para o almoço e café e a cumprir as tarefas das quais são incumbidos, sem reclamar.
11: Humildade. Pais-helicóptero mimam seus filhos, fazendo com que se sintam superiores a todos, incluindo seus superiores. Esses jovens precisam aprender que podem ser inteligentes e talentosos, mas que, mesmo assim, estão no degrau mais baixo da hierarquia e têm muito a aprender. Eles precisam aprender a apreciar a sabedoria e experiência dos mais velhos e a ouvir mais do que falam.
12: Integridade. Os pais-helicóptero facilitam excessivamente as coisas para seus filhos. Esses filhos precisam aprender os valores da honestidade, confiabilidade, lealdade e de cumprir suas promessas. Habilidades ditas "soft", como integridade moral, dedicação e inteligência emocional muitas vezes são mais valorizadas no trabalho do que qualificações técnicas específicas.
Todas essas coisas podem ser aprendidas com o tempo, mesmo que o jovem tenha sido criado por pais-helicóptero e tenha estudado em escolas excessivamente lenientes. O jovem que cresceu "embrulhado em plástico-bolha" pode se libertar e fazer as modificações necessárias para um dia ter um bom emprego e um trabalho em que se sinta realizado.