Crônica de Amor

Ninguém ama outra pessoa
pelas qualidades que ela tem,
caso contrário os honestos,
simpáticos e não- fumantes
teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.

O amor não é chegado a fazer contas,
não obedece a razão.
O verdadeiro amor acontece por empatia,
por magnetismo,
por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa
porque ela é educada,
veste-se bem
e é fã do Caetano.
Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério,
pela paz que o outro lhe dá,
ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz,
pela maneira que os olhos piscam,
pela fragilidade que se revela
quando menos se espera.

Você ama aquela petulante.
Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu,
você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho,
você gosta de praia e ela tem alergia a sol,
você abomina o Natal e ela detesta o Ano Novo,
nem no ódio vocês combinam.

Então?

Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado,
o beijo dela é mais viciante do que LSD,
você adora brigar com ela
e ela adora implicar com você.
Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste.
Ele diz que vai e não liga,
ele veste o primeiro trapo que encontra no armário.
Ele não emplaca uma semana nos empregos,
está sempre duro e é meio galinha.
Ele não tem a maior vocação para príncipe encantado
e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Sabe por quê?

O amor é inexplicável.

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(autoria desconhecida)